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"CAPITALISMO COM DOMINÂNCIA FINANCEIRA E
PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO"


Palestrante: Phd. José Micaelson Lacerda Morais (URCA).

O prof. Micaelson abordou as transformações que ocorreram nas cidades e na justiça social devido à transição do modo de produção, tendo como consequência a tragédia social e ambiental.
A hipótese levantada é que as relações sociais mudam de acordo com as mudanças no sistema capitalista.
A urbanização é um processo, e a cidade, forma concretizada deste processo, marcam tão profundamente a civilização contemporânea, que é muitas vezes difícil pensar que em algum período da História as cidades não existiram, ou tiveram um papel significante. (SPOSITO, pág. 11).
A urbanização se da com a divisão do trabalho, o capitalismo, enquanto modo de produção encontra terreno firme para sua formação na cidade, pois era o espaço apropriado para dominação e gestão do modo de produção.  A cidade é, particularmente, o lugar onde se reúnem as melhores condições para o desenvolvimento do capitalismo. O seu caráter de concentração, de densidade, viabiliza a realização com maior rapidez do ciclo do capital, ou seja, diminui o tempo entre o primeiro investimento necessário à realização de uma determinada produção e o consumo do produto. A cidade reúne qualitativa e quantitativamente as condições necessárias ao desenvolvimento do capitalismo, e por isso ocupa o papel de comando na divisão social do trabalho. (SPOSITO, pág. 64).
            Depois de tratar um pouco sobre o fenômeno da urbanização, o palestrante passa a dissertar sobre as mudanças na acumulação capitalista na década de 1970, segundo o Prof. Micaelson, o contexto de mudanças macro estruturais observado na economia mundial a partir dos anos 1970, processado paulatinamente até a atualidade, trouxe impactos irreversíveis. Sobressai-se a inflexão no paradigma de regulação e suas consequências sociais, econômicas, políticas, culturais. Todos os aspectos associados diretamente aos avanços do processo de acumulação capitalista sofreram reorientação atendendo aos imperativos desta lógica, e as problemáticas relacionadas à questão urbana se constitui uma de suas expressões mais intensas.
Chega-se a fase da internacionalização do capital e da financeirização como nova forma de riqueza, o setor de serviços (principalmente o ramo imobiliário) se torna o “motor” da valorização do capital. Esse processo de acumulação também causará impacto no espaço, as cidades têm os seus papeis redefinidos, as metrópoles tendem a assumir as funções de comando do modo de produção, enquanto as cidades médias assumem as funções de produções tradicionais. Houve também mudanças na divisão internacional do trabalho, sendo esta agora comandada pelo capital financeiro e acompanhada de um processo de reestruturação empresarial e uma nova revolução tecnológica.
            Estas mudanças tenderam a concentrar o capital e aumentar o desemprego, causando inchaço urbano nas metrópoles já que estas ainda eram vistas como locais de melhores condições de vida (principalmente nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento), esse inchaço trouxe problemas como a ocupação irregular (favelas) e a segregação urbana (base para o capital imobiliário, já que as classes de renda alta procuram se fixar longe da periferia, causando aumento do preço da terra). A segregação urbana reforça também a divisão social e espacial do trabalho, além de reforçar o sentimento da exclusão social, refletido nas formas de violência urbana.
No Brasil, isto não é diferente, a urbanização assim como o crescimento econômico foi desigual e concentrado, causando segregação urbana nas suas metrópoles, até mesmos os programas habitacionais do governo (Minha Casa, Minha Vida) aumentam a segregação, pois causa aumento do preço da terra e isola as classes altas da periferia.
Por fim o Prof. Micaelson finaliza sua palestra com a seguinte frase: “A financeirização amplia o fosso entre os direitos sociais e os ganhos financeiros.”
Referências
SPOSITO, M. E. B. Capitalismo e Urbanização. Ed. Contexto. São Paulo 2005.

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